A ascensão da Economia de Plataforma é irrefutável. Um estudo da consultoria Mckinsey aponta que até 2025, 30% do valor global será gerado através de companhias de plataforma. E as plataformas – que nasceram ligadas a ideia de Economia Compartilhada – têm muito a aprender com as Cooperativas se desejarem realizar impactos econômicos e sociais positivos na Sociedade.
Ao mesmo tempo em que as plataformas reduzem custos de transação e crescem de maneira exponencial, atraem em todo o mundo uma série de críticas – como a criação de monopólios e oligopólios, a falta de transparência para seus usuários quanto ao uso de seus dados e a precarização das relações de trabalho – que não por acaso recebeu o nome de “Uberização”.
Embora comunicada como “Economia Compartilhada” (Sharing Economy) – na medida em que a ênfase se dá no uso e não na propriedade dos bens – há pontos omitidos pelas Plataformas: Se estamos falando de compartilhamento, (1) quem são os donos dos códigos? (2) Quem controla o algoritmo? (3) Como os resultados são compartilhados com os membros da Plataforma? Bem, no caso das plataformas digitais, é evidente que os usuários são meros coadjuvantes: as decisões e resultados são concentrados por essas grandes empresas. E é por isso que o Cooperativismo tem uma resposta melhor.
O Cooperativismo de Plataforma apresenta um modelo de governança em que os usuários da plataforma são os seus proprietários, permitindo que através da propriedade comum e gestão democrática os resultados sejam efetivamente compartilhados por todos os seus membros.
O Cooperativismo dá faz isso há mais de um século, presente em diversos setores da economia em todo o mundo. Através das Cooperativas de Plataforma, o Cooperativismo já conecta pessoas digitalmente, independentemente de sua posição geográfica. Um exemplo disso é a Cooperativa de Plataforma Canadense Stocksy United, um banco de imagens baseado em valores cooperativistas que conta, atualmente, com mais de 900 fotógrafos cooperados em 63 países. Na Stocksy, 90% do resultado da cooperativa é distribuído de volta aos seus membros e pago na proporção da sua contribuição no total de vendas (por meio de suas distribuições de royalties). Em sete anos de existência, a Stocksy forneceu imagens e serviços de vídeos e comerciais para 214 das 500 maiores empresas listadas pela revista Fortune.
Esse é apenas um exemplo de como o modelo cooperativo é o caminho para pensar em uma verdadeira Economia Compartilhada, em que as plataformas são geridas e controladas por seus usuários. Assim, através da aplicação dos Princípios e Valores do Cooperativismo, implementando mecanismos de governança digital e de instrumentos de financiamento adequados ao modelo, o Cooperativismo de Plataforma poderá apresentar à sociedade um modelo realmente democrático e participativo, em que as plataformas sirvam aos seus usuários e assim contribuam efetivamente para um mundo melhor.
*Mario De Conto é superintendente do SESCOOP/RS