Energia limpa e mais barata para que as pequenas indústrias possam aumentar a competitividade. Essa é a premissa da Paraná Energia – Cooperativa de Energias Renováveis do Paraná, que já está distribuindo o insumo em diversas regiões do estado. Fundada em maio de 2019, a cooperativa aproxima os geradores de energia dos consumidores e, ao longo de 2022, conquistou resultados expressivos na comercialização de energia limpa gerada a partir de biodigestores e painéis fotovoltaicos. Funciona assim: quem tem uma usina e produz mais do que utiliza pode distribuir o excedente, atendendo tanto empresas quanto pessoas físicas. “Nosso objetivo é, pela força do cooperativismo, ampliar o acesso às fontes de energias renováveis, gerando resultados no caixa dos produtores e ampliando a competitividade de pequenas empresas, que têm na energia um de seus principais custos”, explica Edson Vasconcelos, presidente da Paraná Energia, que é também vice-presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Atualmente, a cooperativa faz a gestão de 56 usinas geradoras e tem 500 consumidores – a meta é chegar aos dois mil nos próximos meses.
Uma dessas usinas fica no município de Verê, na região Sudoeste, na fábrica da Laticínio Alto Alegre. Com uma unidade fabril de 5.100 m², a indústria instalou placas solares e integrou-se à cooperativa de energias renováveis. A Paraná Energia distribui os 13.500 Kw gerados na Alto Alegre para consumidores de Cascavel e região. Lino Alfeu Zeni, diretor da indústria de laticínios, conta que a geração vai aumentar para 54 mil Kw ainda em dezembro. “Ser gerador de energias renováveis é um avanço muito grande. É energia limpa, não precisamos de mão de obra contratada e o custo de manutenção é baixo”, completa.
Marco regulatório beneficiou iniciativa
Desde o início das atividades, a Paraná Energia exerceu papel de representatividade junto aos órgãos reguladores das atividades de distribuição energética no estado. “Logo depois da inserção dos biodigestores, tivemos excesso de energia produzida pelas propriedades. Com a mudança da legislação em 2015 e a possibilidade de geração distribuída com compensação remota, abriu-se o caminho para se configurar a cooperativa de energia”, detalha Edson Vasconcelos. Em janeiro deste ano, com a publicação da Lei 14.300/2022, pequenos geradores de energia passaram a ter segurança jurídica para distribuir o excedente. Chamada de Marco Regulatório, a lei tem contribuído para desenvolver o mercado livre de energia fotovoltaica.
Além do benefício ambiental, a distribuição de energia limpa impacta diretamente no orçamento das empresas. O Brasil tem uma das tarifas mais caras do mundo – são cerca de R$ 14,20 para cada 100 kWh consumidos, que representam, em média, 15% dos custos operacionais das empresas.
Experiências positivas
Na região Oeste do Paraná, um dos setores que tem se beneficiado da cooperativa é o de panificação. Somente em Cascavel, são 12 empresas do ramo utilizando energia fotovoltaica da rede de distribuição. “Todos estão satisfeitos com os resultados, temos conseguido uma redução razoável nos custos da energia”, conta Gilberto Bordin, proprietário da panificadora e confeitaria A Camponesa. Bordin conheceu a iniciativa quando estava à frente do Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Oeste do Estado do Paraná e enxergou uma possibilidade para as empresas do segmento: “As empresas de panificação geralmente são pequenas, dificilmente têm uma área de telhado para instalar os painéis solares. Optamos pela cooperativa, vimos bons resultados e nossa intenção é atrair mais panificadores para o projeto”, ressalta.
Por meio do Conselho Temático de Energia, a Fiep busca ampliar o acesso de pequenos industriais à rede de distribuição cooperada. “Quando a abertura da legislação de geração distribuída começou lá atrás, era justamente para chegar a esse tipo de iniciativa, trazendo os geradores para bem próximo de quem consome. Principalmente chegando nos pequenos e nos médios empreendedores, que participam disso de forma simples e fácil, com um entendimento muito bom da questão de resultados e economicidade”, finaliza Rui Londero Benetti, coordenador do conselho.
Fonte: Portal G1