Atualmente 2,1 mil crianças e adolescentes estudam em cooperativas educacionais no Espírito Santo, em turmas que abrangem desde o ensino infantil ao médio. Os alunos estão distribuídos em sete cooperativas, localizadas em diferentes municípios do estado.
Mas o que são e como funcionam as cooperativas educacionais? Elas são instituições de ensino privadas que oferecem, além das matérias convencionais e obrigatórias, um leque amplo de conhecimentos para os seus alunos. O cooperativismo, um modelo de negócio baseado na ajuda mútua e na participação democrática, é o principal diferencial dessas escolas.
Em uma cooperativa educacional, a administração é compartilhada. Pais de alunos ou professores, a depender de qual é o público de cooperados, podem participar diretamente das decisões que envolvem a escola. Isso ocorre porque, mais do que clientes, os cooperados são os donos do negócio.
Já os alunos percebem a vantagem de estudar em uma cooperativa educacional quando se deparam com um ensino pautado por valores colaborativos e que estimulam o aprendizado multidisciplinar. Assim, ao concluírem o ensino regular, eles se sentem mais preparados para iniciar uma nova etapa de estudos ou para entrar no mercado de trabalho.
“As cooperativas educacionais trazem vantagens para os cooperados, os alunos, os municípios e a sociedade. São negócios com gestões horizontais e compartilhadas e com melhor custo-benefício; facilitam o acesso de crianças e adolescentes a uma educação de qualidade e diferenciada; geram empregos e renda para a população local; e formam cidadãos mais conscientes sobre a importância da cooperação, do diálogo e do empreendedorismo”, avalia Carlos André Santos de Oliveira, diretor-executivo do Sistema OCB/ES, organização que representa e auxilia o desenvolvimento das cooperativas do Espírito Santo.
Coops educacionais capixabas
As cooperativas educacionais começaram a ser constituídas na década de 1990 no Espírito Santo e, desde então, vêm aprimorando sua infraestrutura e métodos de ensino. Durante a pandemia, por exemplo, a adaptação das aulas para o formato virtual se deu de forma ágil, permitindo que os alunos matriculados continuassem a estudar.
As sete cooperativas educacionais capixabas hoje em funcionamento são a CEL (Linhares), Coopeducar (Venda Nova do Imigrante), Coopem (Muqui), Coopepi (Pinheiros), Cooperação (Santa Maria de Jetibá), Coopesg (São Gabriel da Palha) e Coopesma (São Mateus).
Os níveis de ensino ofertados por cada uma variam. A Coopeducar e a Coopesma oferecem vagas do ensino infantil ao médio. A CEL e a Coopesg trabalham com turmas da educação infantil ao 9º ano do ensino fundamental. A Coopem, Coopepi e Cooperação disponibilizam vagas do 1° ao 9° do ensino fundamental.
Cooperar e empreender na prática
Uma iniciativa que enriquece o aprendizado dos alunos de cooperativas educacionais é o Programa Cooperativa Mirim, que fomenta atividades educativas, sociais e culturais complementares ao ensino regular. Por meio do programa, já foram criadas três cooperativas mirins vinculadas a cooperativas educacionais capixabas: a Copemcel (da CEL), a Cooperjetibá (da Cooperação) e Coop-União (da Coopesg).
As cooperativas mirins são formadas pelos próprios alunos das cooperativas educacionais. Os jovens cooperados coordenam atividades administrativas e ações sociais sob a supervisão de um professor orientador. Por meio de objetos de aprendizagem, como são chamados os produtos que desenvolvem de forma artesanal e em grupo, os alunos vivenciam o cooperativismo na prática.
“Preparar os jovens melhor para a vida adulta e o mercado é uma preocupação do cooperativismo. Por isso, em 2018 o Sistema OCB/ES e o Sicoob ES criaram o Programa Cooperativa Mirim. Por meio dessa iniciativa, diversos alunos aprendem desde cedo sobre administração, finanças, empreendedorismo e cooperação”, explica o presidente do Sistema OCB/ES, Dr. Pedro Scarpi Melhorim.
O programa está em expansão. Outras duas cooperativas educacionais, a Coopeducar e a Coopesma, e cinco escolas públicas do Espírito Santo passarão a fazer parte da iniciativa.
Fonte: Folha Vitória