Como crescer e prosperar em meio às adversidades? Vivemos períodos turbulentos. Porém, lidar com tal contexto não é novidade para as cooperativas, que há décadas enfrentam diversos desafios e seguem mostrando sua força. Unindo forças através de valores e de um propósito único, as cooperativas são um exemplo de resiliência. E trazem um sopro de esperança mesmo nos momentos mais difíceis.
Foi em meio à crise do setor de gengibre que surgiu a Cooperativa dos Produtores de Gengibre da Região Serrana do Espírito Santo (CoopGinger). Reunindo 50 produtores que hoje produzem mais de 400 toneladas de gengibre por mês, a cooperativa está diretamente conectada com as origens do movimento: ser a união de pessoas em prol de uma nova e mais próspera vida.
Assim como outros tipos de cooperativa, a CoopGinger surgiu nas mãos dos próprios produtores, como nos conta a Diretora Tesoureira da CoopGinger, Daniele Krause Jastrow. “A formação surgiu em uma reunião aberta para toda a comunidade, aonde foi esplanada a ideia de uma cooperativa de suas vantagens, mas também dos riscos aonde que mais produtores aderiram a causa buscando por melhores condições de vida e trabalho, valorização da agricultura familiar, um preço justo com o acompanhamento de venda, e com a esperança de novos rumos, dias melhores”, frisa.
Com o mercado externo abalado pela crise causada pela Guerra entre Rússia e Ucrânia, o setor de gengibre viu o preço do produto cair drasticamente no ano passado, passando de R$150 para R$25 em cada caixa. Através da cooperativa, os produtores buscaram então recuperar um pouco do trabalho árduo realizado diariamente, através de um modelo justo para todos. “A cooperativa foi formada com o objetivo de poder vender nossos próprios produtos, sem precisar de intermediários, de modo a garantir preço mais justo para nós, produtores. Afinal, nós merecemos. Somos nós que dedicamos incansavelmente todo nosso cuidado e esforço para produzir alimento para a sociedade. Essa é a ideia da nossa união, mais valorização pelo trabalho para do PRODUTOR”, destaca Natalia Maria Plaster, sócia-fundadora da CoopGinger.
Nascendo em meio à crise, a CoopGinger logo em seu início mostrou a força do modelo cooperativista. Dois meses após a primeira reunião, realizada em julho de 2021, a cooperativa já trabalhava a plenos pulmões. Tudo isso, impulsionado graças à sua localização privilegiada, em uma região que já registrou uma movimentação de R$47 milhões.
Nos meses que se sucederam, a CoopGinger já apresenta sinais de um futuro promissor. Isso, apoiado em cooperados que trabalhando diariamente em sintonia, oferecendo um produto de alta qualidade. Esse trabalho de ponta a ponta, já é reconhecido em meio ao mercado, com a cooperativa recebendo – em pouco tempo de atuação – os selos SENAF – Selo Nacional da Agricultura Familiar, SENAF Mulher e SENAF Jovem.
Para Leonarda Maria Plaster, Diretora Presidente da COOPGINGER, a atuação nos últimos meses traz as melhores perspectivas. Segundo ela, mesmo em um mercado ainda em recuperação, a adoção do modelo de cooperativa, já apresenta resultados. “Diante de uma estagnação no mercado do gengibre, nossa cooperativa sobrevive e inspira esperança aos agricultores de um amanhã melhor. A vida no campo não está nada fácil, mas sem a cooperativa seria muito pior. Por meio dela temos a certeza de que alcançaremos um futuro promissor e colheremos os tão almejados frutos dessa união”, ressalta. Com diversas vozes na ativa e novas se juntando à produção, Plaster destaca o aprendizado visto desde o surgimento da cooperativa. “Os resultados alcançados até então somam uma mistura satisfatória de inovações e aprendizados. Apesar de ainda não estarmos comercializando, o cooperativismo nos trouxe experiências com algo novo, que é conviver em grupo, com adoção de novos hábitos que excluem o individualismo no campo, em prol do trabalho em cooperação, o que nos possibilita mais força, maior organização na cadeia produtiva e no comércio, favorecendo, inclusive e principalmente, um controle maior sobre o padrão de qualidade dos produtos a serem ofertados para nossos clientes”, completa.
Com resultados excepcionais mesmo em meio aos desafios que o mercado interno e externo ainda trazem, o mercado de gengibre é um dos exemplos de culturas ainda a serem exploradas de forma mais ampla pelo produtor brasileiro. Empregando famílias inteiras e dando qualidade de vida, a CoopGinger é um exemplo na prática, de como o cooperativismo pode ser a saída para a crise, em busca de dias melhores.
Para Aline Simmer Aguiar Plaster, Diretora Vice Presidente da CoopGinger, a principal expectava para o futuro próximo é a retomada da comercialização em um preço justo, algo vital para a sustentabilidade da produção. “A expectativa é que o mercado melhore e a comercialização do produto chegue no preço justo e favorável para que os produtores possam vender seu suado produto”, destaca. Sejam quais for os resultados, o principal objetivo segue claro e forte, assim como cada cooperado que atua na cooperativa. “Estamos caminhando para um futuro próspero onde poderemos ajudar todas as famílias produtoras com preço digno e valorização do trabalho, buscando incentivos, fazendo parcerias, com empresas focadas na valorização do trabalho da agricultura família, buscando preços mais juntos nos insumos”, finaliza.
Por Leonardo César – Redação MundoCoop