Consumindo novas experiências

Por Thamara D’Angieri

Há tempos o consumidor deixou de ser um mero cliente onde sua conquista se dava através de anúncios ou propagandas cativantes com belas imagens, cores chamativas e instigantes. Hoje, o consumidor está muito mais próximo da marca, das empresas e de seus produtos. Ele é parte integrante e essencial para o lançamento de novos produtos no mercado ou tomada de decisões importantes para os investimentos e direcionamentos futuros. Podemos dizer que o consumidor passou a ser um colaborador em tempo integral, que dita conceitos e tendências e participa ativamente com suas ideias e opiniões. É através de suas percepções que as empresas moldam seus produtos e serviços, se adequando a fim de estar o mais próximo possível das necessidades e expectativas do seu público-alvo.

As mídias digitais e as novas tecnologias fizeram essa aproximação ganhar uma dinâmica nunca vista antes, sem falar que a epidemia do novo Coronavírus intensificou ainda mais essa rápida evolução, mesmo naquelas empresas que estavam dando início a esses primeiros contatos em suas redes sociais.

Grandes marcas, que no passado eram praticamente inacessíveis ao contato de seus consumidores, onde só havia uma relação unilateral, hoje trocam mensagens com seu público, como quem pede uma xícara de açúcar ao vizinho, tamanha proximidade e relação interpessoal existente. Essa abordagem mudou também a forma de se comunicar, é necessário usar um vocabulário mais simples e mais acessível a todos, fugindo de termos técnicos e rebuscados. O modo de vender também não é mais o mesmo. Plataformas digitais buscam a todo o momento a atenção de seus clientes, abordando-os muito mais assertivamente, uma vez que é possível identificar o perfil de cada um deles, seus gostos, suas necessidades e suas influências.

Por conta disso, novos produtos e profissionais surgiram. Nos últimos anos os produtos estão muito mais personalizados. O tamanho e a apresentação deles também. Encontramos hoje porções individuais e com características bem distintas em quase todos os segmentos de mercado. Respeita-se as características do indivíduo, o que ele busca e, principalmente, porquê busca. Aliás, esta é uma das premissas do novo consumidor: a experiência com o produto.

Dentro deste contexto, um produto pode ir muito além de sua utilidade. Ele adquire valor perante o consumidor e sua aquisição pode proporcionar outros significados, desde conforto, bem-estar ou mesmo status social.  Suas características são potencializadas de tal forma que é quase impossível passar despercebida na barra de rolagem de suas redes sociais. É neste ambiente também que vimos surgir também um outro profissional, o digital influencer.

Os influenciadores digitais, na maioria das vezes, consumidores de determinados produtos, bens ou serviços, passaram a ser especialistas, provando, opinando e interagindo de tal forma com o público que atualmente muitas empresas contam com eles como verdadeiros consultores de mercado.

Os canais de comunicação se tornaram vias de mão dupla entre empresas e consumidores. Além de estarem mais atuantes, os consumidores também estão mais influentes, como, por exemplo, na geração de conteúdos que sejam de seu interesse ou que sejam relevantes para sua vida e/ou seus negócios. Quem escolhe a programação, o cardápio, o horário, agora é o cliente.

Quantificar e qualificar toda essa demanda de informações, convertendo-as em vendas não é tarefa das mais fáceis, porém, pesquisas apontam que uma marca forte com uma narrativa capaz de gerar uma impressão duradoura na mente de seus consumidores, tem um retorno de seus anúncios em cerca de 68% de aumento em suas vendas.

Neste sentido, é necessário considerar que também a escolha por marcas, bens ou serviços não é mais meramente uma pesquisa por preço x qualidade oferecida, ela acaba passando por um crivo muito mais minucioso, onde outras características ligadas àquela organização ou produto farão toda a diferença na hora de decidir comprar esta ou aquela marca, adquirir este ou aquele produto, fazer este ou aquele investimento. Além disso, o consumidor 4.0 apresenta outra particularidade, ele está preocupado com questões de cunho social, sustentabilidade, preservação dos recursos naturais e outros posicionamentos que possam estar vinculados positivamente ou negativamente ao consumo daquela marca. Um consumidor muito mais exigente, dinâmico, informado e difícil de ser conquistado. Entretanto, por outro lado se ele se reconhece naquela situação e se houver uma identificação com seus princípios e valores, ele se tornará um consumidor fiel e um defensor em potencial da sua marca ou empresa.